Acerca do relativismo (DMS)
Karl Popper (1902-1994) foi um crítico severo e profundo do dogmatismo e do relativismo. Bertrand Russell e Isaiah Berlin, entre outros, classificaram a sua crítica ao marxismo como a mais devastadora jamais produzida. Em grande parte, isso ficou a dever-se ao facto de Popper ter mostrado que no núcleo central do marxismo está o relativismo moral - associado a um profundo dogmatismo ideológico.
O dogmatismo ideológico de Marx assentava na teoria alegadamente científica da história. Esta proclamava que a história tinha um sentido predeterminado - o comunismo - que Marx teria decifrado. Popper mostrou que essa teoria não podia ser científica, porque, não possuindo horizonte temporal definido, não admitia a possibilidade de ser refutada pelos factos.
Denunciando o dogmatismo historicista de Marx, Popper argumentou que o futuro está aberto e depende, em grande medida, das nossas decisões - em particular das nossas decisões morais. Marx desprezara o papel das escolhas dos homens e, em particular, das escolhas morais: considerava- as uma “ilusão moralista e burguesa”. Os valores morais seriam meros produtos da época histórica e serviam apenas para justificar os interesses materiais dos homens.
Popper argumentou que este relativismo moral abrira caminho à tirania comunista, a tirania do capricho, ou da vontade liberta de qualquer escrúpulo moral. E sustentou que, quando o comunismo caísse, o seu principal legado cultural seria o relativismo moral. A intoxicação ideológica com o dogmatismo historicista daria lugar - uma vez revelada pelos factos a fraude do historicismo - ao puro relativismo.
No fim da vida, tendo ainda assistido ao colapso do comunismo, Popper considerou o relativismo como a principal doença intelectual do nosso tempo. E repetiu insistentemente que as democracias liberais do Ocidente se fundam em valores morais - sem os quais ficariam à deriva e à mercê dos seus inimigos.
João Carlos Espada
Este texto de João Carlos Espada é esclarecedor, objectivo, sintético. O relativismo está a traduzir-se em correntes ideológicas denominadas New Age que não dão certezas ao homem e deixam-no num vazio obscuro à procura de uma identidade. São estes os restos da queda do comunismo - a continuação da incerteza, da intranquilidade, do afastamento do homem da Verdade.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home