"Alqueva – está a valer a pena?" por André Menezes Marques (DMS)

Na verdade, mete dó olhar para o aproveitamento que as terras do Alqueva estão a ter. Grande parte dos agricultores alentejanos, outrora beneficiando do proteccionismo do Estado Novo, hoje dispondo de cómodos subsídios da União Europeia, não está a modernizar e a investir nas explorações agrícolas, que agora podem ser irrigadas pelas águas do Alqueva.
Por outro lado, os empresários espanhóis, em três anos, já investiram 350 milhões de euros na aquisição de terras e na aposta no sector da olivicultura, que se revela promissor. Estes últimos já adquiriram um quarto das melhores terras para plantar olival e garantem que não se vão ficar por aqui.
Seria uma pena que deixássemos escapar desta forma as oportunidades que possuímos. Votar as terras alentejanas ao abandono significa desprezar uma importante vantagem estratégica do nosso país. Enquanto vem dinheiro “da CEE”, preferimos que os outros, neste caso os espanhóis, façam o trabalho por nós.
Como consequência, iremos, por comodismo, ignorar uma valiosa riqueza endógena, o que é, aliás, uma das mais perniciosas tendências do temperamento português.

André Menezes Marques