Relações entre mente e corpo - António Damásio (DS)
"Aquilo a que chamamos "mente" é uma colecção de processos biológicos. E, dado que estes processos são físicos, a mente é necessariamente um processo físico. Mas é preciso pensar que a física desses processos biológicos não é necessariamente a física corrente. Ter uma mente em funcionamento não é o mesmo do que ter um pedaço de mármore. Um dos grandes problemas que as pessoas têm é que quando pensam em matéria, quando pensam em qualquer coisa de físico, a imagem a que recorrem é a do cimento, da parede, da pedra, do pedaço de metal. E é evidente que o processo mental — é um processo, note-se, um constante desenrolar de acontecimentos, e não uma coisa — não pode ser concebido como esse tipo de matéria.
Uma das coisas mais curiosas que está a acontecer é uma modificação da forma como os físicos concebem a matéria. A matéria não é apenas cimento e pedra, é também energia e fluxos. Assim, o nível de fenómeno biológico em que se desenrola a mente é de um nível físico que ainda está por definir completamente. Tenho a convicção que há uma matéria do pensar, da mente consciente, matéria essa que é biológica e altamente complexa, que está ligada ao funcionamento de redes nervosas — e que permite a própria perspectiva da primeira pessoa — e que nada tem a ver com a nossa concepção da matéria e dos objectos de pedra e cal e aço que temos à nossa volta."
2 Comments:
Vê-se que custa muito ao António Damásio admitir a possibilidade de algo imaterial (em sentido estrito); e como percebe que não consegue (não é possível) explicar uma série de coisas que se passam no ser humano (a abstracção, por exemplo) com pura matéria, recorre a um abuso bastante frequente na nossa época.
Trata-se de usar a física (da qual não sabe nada) e dar uma entidade falsa a 'energia e fluxos'.
É lógico: quando não se consegue explicar uma coisa, recorre-se a conceitos difusos (para a generalidade das pessoas), e que de facto não explicam nada.
O António Damásio faria bem em ler o Aristóteles (entre outros), que apresentou soluções bem mais objectivas para estes problemas.
E suponho que consigas explicar isso, sem recorrer a dogmas?
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