segunda-feira, março 14, 2005

Esquerdas e direitas, um certo autoritarismo retórico (DS)

O jonalista Mário Pinto cita o caso do deputado do BE que se indignou, no Parlamento, causa das liberdades, com os debates que na Universidade Católica tiveram lugar sobre a teologia do corpo. Tratou-se de um Colóquio para aprofundar as concepções cristãs em matérias que não se reduzem à sexualidade, mas também a incluem. E pelo facto de essas ideias serem contrárias às do Senhor Deputado, embora sejam ideias legítimas, legais, morais e constitucionais, foram por ele no Parlamento violentamente atacadas e caluniadas de fundamentalismo e direitismo. O episódio foi de enorme gravidade, porque teve tons intimidatórios.
Certos políticos de esquerda gostam de se apresentar sempre como tal, implicitando que ser de esquerda é ser bom. E gostam de atacar os adversários chamando-lhes de direita, implicitando que ser de direita é ser mau. Ora, esta classificação assim linear e bipolarizada das posições políticas é um esquema primário e meramente retórico nas artes políticas.
Ao estudar-se ciências políticas, verifica-se que as várias posições políticas situam-se num espaço de dois eixos rectangulares que permite medir as duas essenciais coordenadas de cada ponto ou posição política.
Vou citar mais uma vez Mário Pinto que segundo ele: "Um dos eixos é o que tem por pólos: de um lado, o totalitarismo (ou, se se quiser, a ditadura ou o Estado absoluto); e do outro lado as liberdades pessoais (ou, se se quiser, o personalismo, ou o liberalismo, visto que foi o liberalismo que política e historicamente proclamou primeiro as liberdaes individuais contra o estado absoluto).
O outro eixo polariza-se entre as posições extremas de uns, que mantêm as desigualdades sociais impiedosamente, e outros, que defendem a justiça social como não podendo ser menos do que o radical igualitarismo; ou seja, entre o conservadorismo e o progressismo extremos."
O marxismo-leninismo teve o grande mérito de explicar com toda a clareza e rigor a teorização fundamentante desta acumulação de ditadura e de igualitarismo (sem classes). Mas os nossos políticos de extrema esquerda, hoje, não falam nem rigoroso nem claro. Mantêm o autoritarismo mas preferem a retórica.
Escreveu há dias um ilustre representante do BE, a propósito das questões das propinas, que «para a direita, todos os bens sociais devem ser mercantilizados...». E que «para a esquerda, pelo contrário, há bens que têm custo mas não devem ter preço». Ora isto é uma meia verdade e uma mei mentira.
Para Mário Pinto,"não custaria muito aos políticos imtelectuais estudarem a teoria dos direitos sociais, para ficarem a saber que, de facto, há quem defenda a inteira estatização da prestação dos «bens sociais», mas que essa é uma posição extrema colectivista e autoritária, de modelo soviético. E que as democracias liberais, entre as quais Portugal se conta, não defendem a estatização de todos os serviços que satisfazem os direitos sociais. E que nem isso era imaginável numa economia de mercado."
Estas proclamações pseudo-teóricas sobre a estatização e a gratuitidade dos bens sociais humilham-nos, porque nos tomam por ignorantes.
Há duas questões bem distintas. Há logicamente a questão do papel do Estado Social na garantia e satisfação dos direitos sociais. Por princípio democrático e por razões irremovíveis da ordem da prática, o Estado deve respeitar o princípio doutrinal de subsidiariedade e a ordem social das prioridades. Mário Pinto diz que "É óbvio que, a não ser num regime colectivista de tipo soviético, o Estado não pode, nem deve, ter o monopólio da produção das prestações de serviço público, nem tem que fornecê-las gratuita e universalmente, mas apenas graduar a sua intervenção em ordem a garantir os mínimos e a progredir de acordo com as prioridades das necessidades e as possibilidades da sociedade civil. Isto não obsta em nada ao papel específico de financiamento público, porque para isso é que o Estado tem o monopólio da cobrança dos impostos."
Para finalizar, Mário Pinto diz que há uma última questão, muito diferente, que é o desígnio do controlo estatal da educação escolar, por razões ideológicas. Pois, "É uma questão histórica, e está bem documentada para se poder esconder atrás de teorizações sobre os bens públicos. Desde há séculos que múltiplas experiências de autoritarismo de Estado, conservadoras e progressistas, privilegiaram o controlo político do sistema escolar como um dos mais poderosos instrumentos de propaganda ou contrapropaganda cultural ao dispor do poder político - o velho desígnio do «Estado-educador» - contra a liberdade de educação dos pais e das instituições da sociedade civil. Basta ler a história da educação.

 

 

   Links

Blogues

  • 31 da Armada
  • A Arte da Fuga
  • A Destreza das Dúvidas
  • A Origem das Espécies
  • Abrigo de Pastora
  • Abrupto
  • Atlântico
  • Axónios Gastos
  • Blasfémias
  • Bloguí­tica
  • Causa Liberal
  • Combustões
  • Conversas Vadias
  • Da Rússia
  • Do Portugal Profundo
  • Grande Loja do Queijo Limiano
  • João Pereira Coutinho
  • Letras com Garfos
  • Lóbi do Chá
  • Margens de Erro
  • My Guide to your Galaxy
  • O Futuro Presente
  • O Insurgente
  • O Mal de Portugal
  • O Observador
  • O Purgatório
  • Observatório da Jihad
  • Por Causa Dele
  • Por Tu Graal
  • Pura Economia
  • Quadratura do Círculo
  • Relações Internacionais
  • Retórica
  • Tempos Interessantes
  • Teoria da Suspiração
  • The Guest of Time
  • The Intelectual Life
  • Tomar Partido
  • Blogues Internacionais

  • Cato @ Liberty
  • Counterterrorism Blog
  • Freakonomics Blog
  • JCB Blog
  • Johan Norberg Blog
  • NEI Nuclear Notes
  • Private Sector Development Blog
  • Secondhand Smoke
  • The Conservative Philosopher
  • Imprensa

  • Público
  • Correio da Manhã
  • Jornal de Notí­cias
  • Diário Digital
  • Diário de Notí­cias
  • Agência Lusa
  • Diário Económico
  • Jornal de Negócios
  • Courrier Internacional
  • Expresso
  • Visão Online
  • Sol
  • TSF
  • Rádio Renascensa
  • Imprensa Internacional

  • ABC
  • Google News
  • Yahoo! News
  • The Economist
  • BusinessWeek
  • Foreign Policy
  • Time
  • Bloomberg
  • Financial Times
  • MSNBCnews
  • Foreign Affairs
  • CNN
  • Fortune
  • The Atlantic
  • The Times
  • The New York Times
  • Washington post
  • Zenit
  • Reuters
  • MercatorNet
  • Agence France Press
  • Courrier International
  • Le Monde
  • All Africa
  • Jornal de Angola
  • Invertia
  • Aljazeera
  • China Daily
  • Informações

  • IEEI
  • CIARI
  • IPRI
  • CIEJD
  • IGFSE
  • SEDES
  • Crí­tica
  • O Portal da Cidade de Braga
  • Universidade do Minho
  • Centro Universitário do Minho
  • Parleurop
  • Rede Eléctrica Nacional
  • Páginas Amarelas
  • Icep Portugal
  • Comissão Nacional de Eleições
  • Instituto Nacional de Estatí­stica
  • Dicionário de Lí­ngua Portuguesa
  • Banco de Portugal
  • Compromisso Portugal
  • União Europeia
  • Serviço de Informações de Segurança
  • Presidência da República
  • Portal do Governo
  • Diário da República Electrónico
  • Assembleia da República
  • Informações Internacionais

  • WTO
  • OPEC
  • OECD
  • OSCE
  • NATO
  • Hoover Institution
  • BP Global
  • Institute for International Economics
  • The World Bank
  • International Monetary Fund
  • Center for Security Policy
  • Chatham House
  • Council on Foreign Relations
  • Institut d'Études de Sécurité
  • Eurobarometer
  • Institute of Development Studies
  • G8 Information Centre
  • United Nations
  • Terrorism Research Center
  • The International Institute For
    Strategic Studies

  • CIA - The World Fact Book
  • Religião Católica

  • A Santa Sé
  • Opus Dei
  • Catholic Fire
  • Partidos Polí­ticos Portugueses

  • Partido Social Democrata
  • CDS/Partido Popular
  • Partido Nova Democracia
  • Partido Socialista
  • Partido Comunista Português
  • Bloco de Esquerda
  • Partidos e Instituições Conservadoras

  • International Democratic Union
  • The Conservative Party
  • Republican National Committe
  • American Conservative Union
  • The Churchill Center
  • Margaret Thatcher Foundation
  • Union pour un Mouvement Populaire
  • CDU/CSU
  • Conservative Party of Canada
  • Liberal Party of Australia